A lei de inclusão escolar preconiza que todas as crianças estejam na escola, mesmo aqueles que anteriormente foram excluídos, e para isso, as escolas devem modificar sua maneira de funcionamento para que todas as necessidades dos alunos sejam atendidas, a fim de possibilitar o processo de ensino-aprendizado que tem direito. A educação inclusiva se orienta pela perspectiva da diversidade, com temáticas e estratégias diferenciadas, com responsabilidade compartilhada, cuja capacitação do professor passa pelo conhecimento sobre a diversidade, mudanças de atitudes, inovação, trabalhos em equipe, novas relações com a família, responsabilidade para com o exercício da profissão. As transformações segundo Reily (2004) acontecem no interior da atividade principal (momento na sala de aula), por isso que se não houver modificação neste aspecto, não haverá mudança; considerando que as relações e a constituição do ser humano acontecem nas situações concretas de vida. Ao atuar numa perspectiva mediadora, o professor também se transforma durante o processo de ensino por meio das palavras e da proposta pedagógica (mediação do outro), direcionando o aluno ao conhecimento, favorecendo o confronto com outras maneiras de conceber; possibilitadas pela interação com o aluno, ou seja, a atividade docente se materializa em ações de conhecer o nível de desenvolvimento do aluno; de criar estratégias. A dificuldade existente na escolarização dos sujeitos surdos está relacionada com as questões da língua, pois a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é visuogestual e sua gramática é diferente quanto à da língua portuguesa. Para o surdo aprender a língua portuguesa na modalidade escrita, ocorre do mesmo modo que a do ouvinte ao aprender uma segunda língua. Garantir a aquisição da LIBRA como primeira língua ao surdo significa dizer que nem todos os surdos têm um conhecimento da mesma, devido à maioria deles terem pais ouvintes. A descoberta da surdez ocorre, em grande parte, quando o filho chega à escola, o que representa um atraso em seu desenvolvimento cognitivo devido à falta da língua de sinais e não por ser surdo; resultado das condições sociais e educacionais não proporcionais quanto à aquisição e desenvolvimento da linguagem. Incluir alunos surdos em salas de aula do ensino comum vai além de modificar a estrutura física da escola; requer o conhecimento sobre as LIBRAS mais especificidades da surdez pelo corpo docente; conhecimento da língua de sinais pelos surdos, bem como ensinamento dos conteúdos escolares embasados no aprendizado de uma segunda língua, na modalidade escrita, juntamente com o uso de recursos visuais. Contemplar a desigualdade linguística do surdo quando incluído na sala de aula do ensino comum é considerar a presença do intérprete das LIBRAS que será o elo comunicativo entre o professor e o aluno. Apesar de tal direito ser assegurado por lei, esta resolução não deixa clara a importância da presença e atuação do intérprete em locais em que estejam surdos e ouvintes, a fim de fazer as mediações/interlocuções necessárias. A possibilidade dos dados obtidos neste estudo ocorreram devido a um projeto de inclusão escolar de crianças surdas no ensino fundamental com ensino bilíngue em andamento, desde 2003, a partir de uma parceira entre da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) com a Secretaria Municipal de Educação/Setor de Educação Especial, foi implantado um projeto educacional em duas escolas municipais, uma de Educação Infantil e uma de Ensino Fundamental, para o atendimento de alunos surdos com uma proposta de inclusão por meio da incorporação das LIBRAS ao espaço escolar.
Acadêmica: Geisa Oliveira Carvalho.
Nenhum comentário:
Postar um comentário