quarta-feira, 6 de abril de 2011

CONTOS E POESIAS


A FÁBRICA DA LARANJA

Marlene B. Cerviglieri
  
- É tão bonito de se ver, tanto quanto um vaso de flores.
- O quê, mamãe?
- Uma cesta cheia de frutas.
- Frutas, mamãe?
- É isso mesmo.
- Vou te contar uma estória sobre frutas.
- Uma vez havia uma fruteira cheia de frutas na sala de minha avó. Eram tão lindas que eu imaginei que elas conversavam. Encostei minha cabeça na mesa para ouvir a conversa. Sabe o que estava acontecendo? Elas estavam brigando...
- Brigando mamãe?
- Sim, meu filho, brigando.
- Dizia a banana para o mamão:
- Você está vermelho demais, é de vergonha eu creio.
- Nada disso - respondeu ele - pensa que não vi! você está cheia de pêlos e muito branquinha, por isso tem inveja de mim porque eu sou corado.
- Você não sabe nada... – respondeu a banana - não tenho pêlos seu bobinho, são as proteções para minha polpa.
Enquanto isso a pêra empurrava o abacaxi reclamando:
- Chega pra lá, você está arranhando a minha pele macia e delicada.
- Cala a boca, sua chata. – respondeu o abacaxi – você é que quer ficar grudadinha em mim só para sentir o meu perfume gostoso. Vamos, fala a verdade!
A pêra se afastou amuada. A ameixa reclamou da grosseria do abacaxi. A maçã foi logo se afastando para não entrar na confusão. O melão discutia com o cacho de uva que dizia:
- Vou falar com a dona da fruteira. Ela precisa separar as frutas. Estas frutas espinhosas – olhou para o abacaxi – têm de ficar com as de cascas duras amarelas – e olhou para o melão. Senão as frutas delicadas como o mamão, a dona pêra, a dona maçã serão esmagadas.
E assim continuaram a brigar, sem perceber a tristeza da laranja encostadinha neles. Pensava a laranja:
- Ninguém gosta de mim. Sempre escolhem a banana, o mamão e a dona maça. Não devo ter graça nenhuma.
Nesse momento entraram na sala de jantar, minha vovó, meu irmãozinho menor e o teu tio Pedro.
Sentaram-se ao meu lado sem se importar comigo ali deitada fingindo que dormia.
- Veja Pedro, - disse pegando a laranja na mão, - Esta é uma laranja. Quando você a pega na mão, assim, parece que não tem nada, não é mesmo?
- Suco vovó.
- Não meu querido, não é só isso. Veja o que a vovó vai fazer com uma laranja
Pegou a laranja e cuidadosamente tirou a casca. Depois tirou gomo por gomo e colocou no pratinho.
- Veja Pedro vou mostrar a você a fábrica de garrafinhas que a laranja tem.
- Fábrica de garrafinhas?
- Isso mesmo, veja.
Com cuidado tirou a pele do gomo e foi tirando as garrafinhas cheias de suco.
- Que coisa bonita vovó?
- E agora vamos à casca. Vamos parti-la em tirinhas deixá-las de molho e mais tarde farei tirinhas de casca de laranja açucaradas.
- Puxa! quanta coisa não é vovó?
- Ali, fingindo que dormia, meu filho, aprendi muito. Às vezes você está no meio de tantos e se sente nada. Mas sempre há alguém que vem e mostra a você o seu valor chegando ao seu coração.
- Como a laranja mamãe?
- Isso mesmo, filho.
- Sabe meu querido, devemos comer de todas as frutas. É claro que há alguma que o seu corpinho não aceita.
- É, eu sei, por causa da alergia não é mesmo?
- Isso meu querido.
- Sabe mamãe, lá na escola vamos fazer uma salada de frutas. Vou aproveitar para contar a estória para eles.
Na fruteira a laranja estava feliz.
- Puxa não sabia que eu tinha uma fabriqueta dentro de mim...
E agora amiguinhos, vamos comer frutas?

 Acadêmica: Jane Cristina Reis dos Santos




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